quarta-feira, 6 de março de 2024

Ler em outra velocidade

 

Trata-se de uma atividade dinamizada pelo departamento de educação especial com os alunos do AEA, individualmente ou grupo, com as suas diversas especificidades. Estes irão ler, cada um à sua velocidade, na Rádio Bora Lá poemas/textos sobre o tema aglutinador "Celebrar a democracia" em março e abril no âmbito da Comemoração dos 50 anos do abril. A  leitura será antecedida por parte da canção "Somos livres" cantada e tocada pelo professor Luís Chora. As leituras serão ouvidas na rádio Bora Lá durante março e abril, segundo o seguinte calendário: às quartas-feiras no intervalo das 10:45 às 11:00
Dias de leituras na rádio: 6/03; 13/03; 20/03 e 27/03 - 10/04; 17/04; 24/04

Abril de Abril


Era um Abril de amigo Abril de trigo
Abril de trevo e trégua e vinho e húmus
Abril de novos ritmos novos rumos.

Era um Abril comigo Abril contigo
ainda só ardor e sem ardil
Abril sem adjectivo Abril de Abril.

Era um Abril na praça Abril de massas
era um Abril na rua Abril a rodos
Abril de sol que nasce para todos.

Abril de vinho e sonho em nossas taças
era um Abril de clava Abril em acto
em mil novecentos e setenta e quatro.

Era um Abril viril Abril tão bravo
Abril de boca a abrir-se Abril palavra
esse Abril em que Abril se libertava.

Era um Abril de clava Abril de cravo
Abril de mão na mão e sem fantasmas
esse Abril em que Abril floriu nas armas.

                                             Manuel Alegre

                                                                                            Cover: Professor Luís Chora

https://youtu.be/Y3XEri2lgBA


E foi assim…

Foi em 25 de abril,
Que houve uma revolução
O povo saiu à rua,
Em luta por paz e pão.
 
É que então em Portugal,
Governavam uns senhores,
Inimigos da Liberdade,
Da ditadura, defensores.
 
Mas o que é a ditadura,
Perguntam com curiosidade?
É não poder pensar diferente,
É não haver Liberdade!
 
Liberdade de pensar,
De escrever e de dizer,
-Não quero ir para a Guerra,
Eu sou livre de escolher!
 
Só havia um Partido
Em que se podia votar
E uma polícia política
Para todos censurar.
 
Mas os capitães de abril
Revoltaram-se um dia
E com cravos nas espingardas
Devolveram-nos a alegria!


Rosarinho, abril de 2010


A COR DA LIBERDADE


Não hei-de morrer sem saber

                    qual a cor da liberdade.


                   Eu não posso senão ser

                   desta terra em que nasci.

                   Embora ao mundo pertença

                   e sempre a verdade vença,

                   qual será ser livre aqui,

                   não hei-de morrer sem saber.

 

                   Trocaram tudo em maldade,

                  é quase um crime viver.

                   Mas, embora escondam tudo

                   e me queiram cego e mudo,

                   não hei-de morrer sem saber

                   qual a cor da liberdade.

                                         Jorge de Sena  (1919-1978)  


Aconteceu em Portugal, Já lá vão 50 anos.

Uma Revolução bem real, Foi pacífica e sem danos!

Povo nosso antecessor,

Que às palavras deste voz.

Na luta pela Liberdade, Conquistada pelos nossos avós!

Começou a Democracia,

Todos ficaram contentes.

Povo feliz, como há muito não se via.

Finalmente homens e mulheres não eram diferentes!

Cinquenta anos passaram, Desse dia de boa memória.

Em que o Povo saiu à rua, Fazendo a sua própria História!

Adeus à censura,

À guerra colonial.

À vida controlada e dura, Viva Portugal!

História de todos nós,

Que engrandece quem procura. Conhecê-la profundamente, Encontrando-a Bela e Pura!

Há 50 anos houve uma Revolução, Isso aconteceu no nosso país.

Foi um dia de grande emoção,

É quem participou que o dizl

Do escuro, surgiu a Luz,

Da Ditadura, a Liberdade. Estudar para não esquecer, Aprendendo para mais tarde!

Em Portugal começou a Liberdade,

Acabou a Ditadura.

Todos puderam falar a verdade,

E a vida dos Portugueses ficou menos dura!

Da tristeza e choro de tantos, Nasce uma esperança renovada. Apoiada em canções e cravos, Dispensando a luta armada!

Foi a 25 de Abril,

"A Revolução dos Cravos"! Em ambiente primaveril, Festejaram os "Bravos!"

De Revolução, só o nome, Da luta então travada.

Que procurou dar ao povo, A Liberdade desejada!

Sou ainda criança,

Vivo na Democracia. Conquistada por aqueles, Que fizeram Abril um dia!

Agora Povo Unido,

Recorda a voz do poeta. Que escreveu que em Abril, Se deixou a porta aberta!

De tanto ouvir falar,

De Abril e Liberdade. Pesquisei e estudei,

Na procura da Verdade!

Linda, foi aquela manhã, Que fez Abril surgir. Restituiu a Liberdade, Àqueles que haviam de vir!

Descendente de Povo Herói, Heroína / Herói me senti. Procuro usar bem a Liberdade, Que um dia te faltou a ti!

Liberdade, Liberdade!

Não me canso de gritar. Escutem povos do mundo, A Vitória está para durar!

Autor Desconhecido

Lido por alunos do 5.º A da EBS Dr. Pascoal José de Mello 

Isso sim é liberdade


Não nos deixemos subjugar
vamos dizer a nossa vontade
ninguém nos pode amordaçar,
isso sim é  liberdade

Vamos dar asas à imaginação
criar belas artes com vaidade
expressar o que sente o coração,
isso sim é liberdade

Escrever o que nos vai na alma
exprimir o sonho que nos invade,
sem medo sereno e com calma,
isso sim é liberdade

Respeito, entreajuda, alegria
amor, fraternidade, igualdade
opinião, expressão, sabedoria,
Isso sim é  liberdade.

José Couto 

Lido pelos alunos do 5.º D da EBS Dr. Pascoal José de Mello 



Lido pela aluna Beatriz do 9.º A da EBS Dr. Pascoal José de Mello 




Zeca Afonso - Vejam Bem - Cantares de Andarilho (1968)


Vejam bem 

que não há só gaivotas em terra 

quando um homem se põe a pensar 

quando um homem se põe a pensar 


Quem lá vem 

dorme à noite ao relento na areia 

dorme à noite ao relento no mar 

dorme à noite ao relento no mar 


E se houver 

uma praça de gente madura 

e uma estátua 

e uma estátua de de febre a arder 


Anda alguém 

pela noite de breu à procura 

e não há quem lhe queira valer 

e não há quem lhe queira valer 


Vejam bem 

daquele homem a fraca figura 

desbravando os caminhos do pão 

desbravando os caminhos do pão 


E se houver 

uma praça de gente madura 

ninguém vem levantá-lo do chão 

ninguém vem levantá-lo do chão 


Vejam bem 

que não há só gaivotas em terra 

quando um homem 

quando um homem se põe a pensar 


Quem lá vem 

dorme à noite ao relento na areia 

dorme à noite ao relento no mar 

dorme à noite ao relento no mar



Poema “Trova do vento que passa” de Manuel Alegre declamado por um grupo de alunos do 1.º Ciclo de Ansião

 

Pergunto ao vento que passa
Notícias do meu país
E o vento cala a desgraça
O vento nada me diz.

Pergunto aos rios que levam
Tanto sonho à flor das águas
E os rios não me sossegam
Levam sonhos deixam mágoas.

Levam sonhos deixam mágoas
Ai rios do meu país
Minha pátria à flor das águas
Para onde vais? Ninguém diz.

Se o verde trevo desfolhas
Pede notícias e diz
Ao trevo de quatro folhas
Que morro por meu país.

Pergunto à gente que passa
Por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
Quem vive na servidão.

E a noite cresce por dentro
Dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
E o vento nada me diz.

Quatro folhas tem o trevo
Liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
Aqueles pra quem eu escrevo.

Mas há sempre uma candeia
Dentro da própria desgraça
Há sempre alguém que semeia
Canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste
Em tempo de servidão
Há sempre alguém que resiste
Há sempre alguém que diz não.

 

Link: https://youtu.be/0q8fLVPN0Js









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